segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A verdade que se esconde

“Recente pesquisa do PNAD - IBGE mostra um queda no índice de analfabetismo em nosso país nos últimos dez anos (1992 a 2002). (...).
(...)Programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) também tem favorecido este avanço educacional.”
fonte: http://www.suapesquisa.com/educacaobrasil/

Embora os números sejam favoráveis, a realidade não é tão promissora. Durante algumas pesquisas com ex-alunos de EJA, percebeu-se que esses alunos, apesar de alfabetizados, não entendem o que lêem, além disso, esses alunos sabem fazer análises gramaticais em frases soltas, porém não sabem interpretar textos. Esse aluno certamente não conseguirá ir muito além do que tenha chegado até então, se sua leitura não tem o mínimo de análise. Como ele poderá ler manuais, editais de concursos, circulares, etc., e fazer conclusões desses textos?
Outra questão são as divisões do jovem e do adulto. Como eu disse anteriormente, o aluno adulto é aquele que busca o conhecimento por vontade própria, valoriza o momento em que está na escola e gosta de estar lá. Já o jovem é o aluno que por inúmeras reprovações atinge uma idade avançada e acaba sendo transferido para turmas de EJA. Esse aluno é inquieto, desinteressado, fala muito durante as aulas e não está muito satisfeito em ter que estar na escola. Mas o mais preocupante é que a maioria dos alunos jovens, estão de uma certa forma ligados a criminalidade, fazendo da escola pontos de venda e uso de drogas, além de ser uma ferramenta que o beneficia na redução de penas. Desta forma, o professor tem que lidar com esses dois casos numa mesma sala de aula. De um lado o aluno mais velho, interessado em aprender, porém cansado de um longo dia de trabalho e do outro o aluno jovem, desinteressado e inquieto.

Seria imprescindível que o professor que atua na EJA fosse preparado para lidar com realidades tão complicadas. Porém, esses professores não recebem nenhum tipo de orientação e acabam criando metodologias por eles mesmos. Dependendo da percepção e experiência desse professor, as aulas podem se tornar agradáveis e produtivas a todos, porém pode ser exatamente o contrário, ao passo que tanto o educando e o educador se sintam desestimulados e o resultado final seja o de alunos alfabetizados, que não sabem interpretar o que lêem.

Enquanto o governo só se preocupar com números e estatísticas, os problemas não serão resolvidos de fato e os resultados serão apenas mascarados por “analfabetos que não sabem ler”.

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