O Prof.º José Enildo Elias, publicou um livro chamado “A questão da oralidade na Educação de Jovens e Adultos”.

Nesse livro ele compartilha suas experiências como professor da EJA. Eu não li o livro ainda, mas tive a sorte de participar de sua palestra e encontrei um artigo “DA ORALIDADE À ESCRITA EM EX-ALUNOS DA EJA”, que resume uma pesquisa feita com ex-alunos, que você pode encontrar nesse link:
http://www.filologia.org.br/iisinefil/textos_completos/da_oralidade_a_escrita_em_ex-alunos_%20JOSE_ENILDO.pdf
Em sua palestra o Profº Enildo relatou que suas aulas com alunos do sertão de Pernambuco eram feitas através de vivencias dos próprios alunos. Num determinado momento da aula, ele perguntava a algum aluno se havia ocorrido algum evento interessante na comunidade. Como esses acontecimentos eram de conhecimento dos alunos, todos os alunos acabavam participando da aula, dando sua versão dos fatos e acrescentando informações que outros não sabiam. Ao final dos relatos, o professor pedia que os alunos escrevessem aquele acontecimento, sem limite de linhas, sem preocupação com pontuação ou ortografia. O professor recolhia as redações, prometendo corrigi-las e devolve-las. Porém, no decorrer de 5 aulas, ele devolvia as redações sem corrigir, alegando que as leu, porém achava que eles poderiam melhorar.
Dessa forma, os alunos se esforçavam para escrever melhor e tornar os textos mais claros. Ao término do quinto dia, o professor utilizava a redação dos alunos para trabalhar concordância verbal, pontuação e pedia sugestões dos colegas para melhorar a arrumação do texto.
Essa foi a maneira que o Prof.º Enildo encontrou para trabalhar a oralidade dos alunos, tanto na fala quanto na escrita, pois são alunos sem acesso a TVs, computadores, livros, ou seja, seria complicado trabalhar textos prontos de assuntos completamente desconhecidos por eles. Por isso essa técnica proporcionou bons resultados e trouxe auto-estima a esses alunos.
Segundo o professor Enildo, a maioria desses alunos acreditam que só terião a chance de “ser alguém” se migrarem para as grandes capitais, pois não consideram seus trabalhos dignos de grandes reconhecimentos, dessa forma, o professor buscou mostrar que seus trabalhos eram vendidos na capital por preços altos e que ele poderiam se orgulhar de ser o que eram.
O grande desafio era transformá-los em leitores e falantes, para que eles pudessem, através de argumentos e boa linguagem serem compreendidos sem se sentirem diminuídos por pessoas que se utilizam de “boa fala” e “boa vestimenta” para silenciá-los.
Muito legal esse ponto, pois acredito que esse é o espírito, e admiro mesmo os como você colocou cansados alunos que buscam o melhor para suas vidas.
ResponderExcluirQuerida Isis
ResponderExcluirquero agradecer por seus elogios ao meu trabalho, mas acredito que trabalhar com a EJA trata-se de uma dedicação ao ensino diferenciado, não porque sejam pessoas que não possam construir competências, e sim, porque esses sujeitos oriundos da EJA criam suas próprias formas de aprender através de experiências vividas ao longo da vida.
Quero manter contato com você e com as pessoas interessadas em aprender mais sobre o ensino EJA.
Estou escrevendo outro trabalho sobre a leitura de uma obra literária "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, em realidade é uma experiência de Leitura e produção de uma peça teatral intitulada "Morte e Vida Proeja".
Tenho até DVD deste trabalho, quem quiser posso enviar, inclusive você.
Abraços,
Enildo Elias