segunda-feira, 23 de novembro de 2009

QUEM É O JOVEM E QUEM É O ADULTO?

Conforme relatos e artigos sobre a EJA, constatei que o aluno adulto, em sua maioria é o nordestino que migrou para as grandes metrópoles em busca de uma situação de vida melhor. Este aluno é extremamente dedicado e entusiasmado, respeita a hierarquia professor x aluno e possui uma vasta experiência de vida, baseada em muita luta, sofrimento e preconceito; é o aluno que busca o conhecimento por vontade própria, valoriza o momento em que está na escola e gosta de estar lá.

Um outro perfil do adulto, apontado pelo Prof.º José Enildo, professor da EJA no Sertão de Pernambuco, são os adultos que Ainda não migraram para grandes metrópoles, trabalharam quando crianças para contribuir com o sustento da casa, são bordadeiras, lavradores, agricultores, operários, etc. Esses alunos buscam na escola conhecimento para sair de sua cidade e migrar para as grandes metrópoles.

Já o jovem é o aluno que por inúmeras reprovações atinge uma idade avançada e acaba sendo transferido para turmas da EJA. Esse aluno é inquieto, desinteressado, fala muito durante as aulas e não está muito satisfeito em ter que estar na escola. É um aluno que não respeita a hierarquia professor x aluno e esta constantemente faltando aulas. Mas o mais preocupante é que a maioria dos alunos jovens, estão de uma certa forma, ligados a criminalidade, fazendo da escola pontos de venda e uso de drogas, e a escola é uma ferramenta que o beneficia na redução de penas e/ou como álibi para acusações criminais.

Existe também um outro perfil de alunos jovens menos preocupante, que são alunos que precisaram trabalhar desde muito jovens, para ajudar no sustento do lar e dessa forma eram constantemente reprovados, por não darem conta do trabalho e do estudo. Esses alunos são inquietos, insatisfeitos e não se identificam com as turmas de EJA.

“O conflito, as contradições e ambivalências próprias da fase do crescimento biológico estão presentes, mas subordinadas e direcionadas pelas necessidades que a realidade impõe, pelas condições que oferece e pela expectativa que decorre de como superar esses enfrentamentos. A tão propalada “revolta” do adolescente e seus atritos com os adultos apresentam-se, ao jovem que freqüenta a EJA, como crítica à ação educativa que pretende mantê-lo na condição de criança, ou mesmo de jovem, com a qual ele não se identifica.” (Suely Amaral e Shirley Costa Ferrari, sem data de publicação)

Com perfis tão diferentes, o professor da EJA muitas vezes se depara com turmas de alunos com realidades, idades, e principalmente, níveis de conhecimento, diferentes.

Um comentário:

  1. olá Isis. Trabalho com a EJA na cidade de Blumenau - SC. Gostaria de lembrar que a cultura escolar muitas vezes não condiz com a cultura do aluno jovem. devemos lembrar também que muitos são excluidos da sociedade e da escola, e que rotular esses jovens é o primeiro passo para reforçar a deliquencia e marginalidade. pensao que a escola tem o desafio de receber estes jovens e compreende-los como eles são. feito isso ai sim, poderemos dizer que a escola fez (ou tentou fazer sua parte. so pra pensar...
    bom trabalho e muito estudo

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